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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Tudo descansa


TUDO DESCANSA


E quando a terra dorme?
A chuva descansa?
A mata desaparece?

A trilha é leve
O ruído é baixo
A revoada serena

Leve é a vida?
Regada de folhas
De contos

De matos de selvas
De atos de relvas
De aves vezes

Suspiros sorrisos
Cochilos piscadelas
Sonos e sonhos
Nossa história não dorme
Surgem palavras
Crescem seis meses

Brotam saudades
Nascem olhares
Fica o desejo.

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Ninfa Parreiras

(foto: arquivo pessoal, Serra do Cipó, verão, 2009)




Vida sobre Pedra


VIDA SOBRE PEDRA
Da pedra nasce o pó
Nasce o líquido
Nasce a planta.
Da pedra nasce o broto
Nasce a espera
Nasce o amor.
Da pedra, o mineral
O sal
A saliva.
Da pedra, a cor
A dor
A flor.

Da pedra, riacho
Doce
Corrente.
Da pedra, a pena
Quem dera
Pudera.
Da pedra, a espera.
A era
A pele.

Da pedra:
A vida.


Ninfa Parreiras

(foto: arquivo pessoal, Serra do Cipó, verão 2009)





Ferrugem


FERRUGEM

Persiana em madeira
Revestida de ferrugem
E de pó.
Solitária na serra
Sem folha
Sem lodo.
A luz atravessa a nuvem
Derrama dourado
E canto.
O vento balangandã
Sopra volta
Com seu pranto.
Fica sem pressa
Com tempo
E balança.
Assopra sobre a crosta
De vida
E alcança.
O lado de lá das montanhas
Das tantas saudades
E andanças.


Ninfa Parreiras
(foto: arquivo pessoal, Serra do Cipó, verão, 2009)